Vós Apresento: Sri Matheus Yoga

Educação Física IV (10 anos)

1 - Isso acontece por que o sistema esportivo somente apela para a categoria educação como forma de buscar legitimidade social. Estando, no entanto, orientado por outros princípios, permanece a questão educacional apenas como recurso retórico.
2 - Assim, o esporte se impôs a Educação Física, como conteúdo e como sentido da própria Educação Física (Bracht, 1992). O esporte é que legitima a Educação Física porque faz coincidir seu discurso com o daquela no que diz respeito ao seu papel nos planos educativos e da saúde - o esporte se impôs também, enquanto tema e orientador da teorização neste campo acadêmico em construção.
3 - Em suma, o discurso pedagógico na Educação Física foi quase que sufocado pelo discurso da performance esportiva; literalmente afogado pela importância sociopolítica das medalhas olímpicas, ou pelo desejo, tornado público, por medalhas.
4 - Resultado Esportivo: Aos poucos o sistema esportivo vai sentindo-se forte o suficiente para abandonar o discurso da promoção da educação e da saúde. O Presidente da Confederação Brasileira de Natação, Coaracy Nunes Filho, afirmou, em entrevista à revista Veja, que educação não tem nada a ver com esporte, mesmo que esporte também seja educação (Nunes Filho 1995, pág 8).
5 - No mesmo processo de busca de reconhecimento acadêmico da Educação Física e dos seus profissionais no âmbito universitário, alguns destes frequentaram cursos de pós-graduação (mestrado), em programas da área da Educação (filosofia da educação, principalmente).

6 - É a partir do contato, não com as Ciências do Esporte, e sim com o debate pedagógico brasileiro das décadas de 70 e 80, que profissionais do campo da Educação Física passam a construir objetos de estudo a partir do viés pedagógico.
7 - Independentemente da matriz teórica que esses profissionais vão adotar, o que caracteriza suas reflexões é que estão orientadas pelas ciências humanas e sociais e isso por via do discurso pedagógico.
8 - Mais recentemente alguns autores (Coletiva de Autores, 1992, Bracht, 1992, Betti 1992), vêm reforçando a necessidade de construção de uma teoria da Educação Física, entendida esta como uma prática pedagógica, ou seja, uma repedagogização do teorizar na Educação Física, uma vez que essa prática pedagógica foi quase que alijada do campo enquanto objeto.
9 - A construção de um corpo teórico com base num discurso pedagógico, que possa filtrar e reconverter, à luz da lógica desse campo, a influência externa do sistema esportivo, é elemento importante para a construção da autonomia (Pedagógica), da Educação Física.
10 - É claro que, no momento em que a educação e o magistério estão numa situação caótica em nosso país, só mesmo pensando na perspectiva da resistência é possível alimentar essa necessidade.

11 - O Campo acadêmico da Educação Física ou da EF/CE, como convencionou-se chamá-la no interior do CBCE, é hoje cruzado e recortado por basicamente três perspectivas diferentes de caracterização ou de delimitação.
12 - a) Tentativa de delimitação de um campo acadêmico que teorize a prática pedagógica que tematiza manifestações da cultura corporal de movimento, ou seja, o teorizar aí estaria voltado para a construção de uma teoria da Educação Física, entendida enquanto uma prática pedagógica.
13 - b) Tentativa de construir um campo interdisciplinar a partir das Ciências do Esporte, que, em alguns casos (Gaya, 1994), reivindica uma Ciência do Esporte voltada para as necessidades da prática esportiva.
14 - c) A tentativa de construção de uma nova ciência, a Ciência da Motricidade Humana (Sérgio, 1989, Tojal, 1994; Cavalcanti, 1994).
15 - O que é importante e interessante ressaltar é que todas essas perspectivas vão buscar a tradição e os instituições da original Educação Física (Ginástica Escolar) - Se colocam como herdeiros desta.

16 - No CNPq a área é tratada como a subárea Educação Física e faz parte das Ciências da Saúde. Na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a área é denominada de Ciências do Esporte/Motricidade Humana e faz parte das ciências aplicadas.
17 - Existe uma forte pressão, já que a total instrumentalização da Educação Física não foi possível em função de uma resistência interna (com desdobramentos acadêmicos-ciêntificos e políticos), no sentido da construção de um campo acadêmico ligado/ voltado ao esporte.
18 - Existem sinais de que se está construindo um discurso para justificar o surgimento de um campo acadêmico autônomo ligado ao esporte - que não estaria subordinado aos códigos da pedagogia como é o caso da Educação Física.
19 - A reivindicação de uma ciência do esporte tem como base a importância sociopolítica (e econômica) do esporte e a contribuição da ciência para o seu progresso.
20 - Parece-nos claro, por exemplo, que os cursos de bacharelado em esporte sejam já o resultado dessa pressão (do mercado).

21 - Os dirigentes esportivos, cada vez mais claramente, reivindicam uma formação universitária especifica para os profissionais do campo esportivo, argumentando inclusive que as atuais faculdades de Educação Física não suprem as suas necessidades: Quero uma universidade do esporte para formar técnicos, em vez das atuais faculdades de Educação Física (Nuzman, 1996, p8).
22 - Outro elemento indicador é o de que o ex-ministro extraordinário dos Desportos, Edson Arantes do Nascimento (Pelé), reivindicou uma linha de financiamento de pesquisas especifica para as Ciências do Esporte junto ao CNPq.
23 - Além disso, o Instituto Brasileiro do Desenvolvimento do Desporto (INDESP), dispõe de dotação orçamentaria para pesquisas e publicações das Ciências do Esporte.
24 - Se, por um lado, isso indica uma autonomização do campo acadêmico da Educação Física em relação ao sistema esportivo -  e indica no sentido do surgimento de um campo acadêmico que estaria voltado para o teorizar especificamente desta prática social, sem ter como viés central o pedagógico - coloca questões para a Educação Física como a de obter, urgentemente, legitimidade no interior do campo pedagógico, enquanto prática e disciplina acadêmicas, sob pena de ter sua própria existência ameaçada e isso não simplesmente no sentido da extinção, mas de simples substituição pelo esporte (na escola).
25 - A Epistemologia da Educação Física. Este texto (Bracht, 1997) foi originalmente publicado no V. 5 de Ensaios: Educação Física e Esporte, de Carvalho e Maia (p. 5-17).

26 - A educação Física é uma ciência ou uma disciplina científica?
27 - Deve a Educação almejar/pretender ser uma ciência? É essa uma reivindicação legitima? Essa pretensão é originária do interior da própria Educação Física ou de fora dela? 
28 - Qual a epistéme predominante na Educação Física? É científica? A prática científica ligada à Educação Física filia-se aos princípios das ciências naturais ou aos das ciências sociais e humanas? Ou, então com qual concepção de ciência opera a Educação Física?
29 - Quais são as especificidades ou peculariedades da questão epistemológica da Educação Física? 
30 - Quais são os limites e as possibilidades do paradigma científico para fundamentar a prática do profissional da Educação Física?

31 - É a interdisciplinaridade científica uma imposição à produção do conhecimento em Educação Física? 
32 - É claro que o conjunto das questões acima listadas não esgota os questionamentos possíveis, mas pode dar uma ideia da complexidade da questão.
33 - Quero iniciar com a pergunta sobre se a Educação Física é uma ciência. Essa questão assumiu importância no debate em torno da crise de identidade da Educação Física, porque levantou-se a hipótese (ou a tese), de que a superação dessa crise que seria de legitimidade também no plano acadêmico universitário viria com a sua afirmação como ciência, ou seja, com a definição de objeto, método e linguagem próprias.
34 - As artes marciais são a mais antiga Educação Física ou será a Yoga? (N. A.)
35 - O Campo Acadêmico da Educação Física.

36 - Para Tratar dessa questão é preciso resgatar um pouco o processo de construção do campo acadêmico da Educação Física.
37 - A chamada Educação Física moderna é filha da modernidade.
38 - Isso significa que ela surge num quadro social em que a racionalidade científica se afirma como a forma correta de ler a realidade, em que o Estado burguês se afirma como forma legitima de organização do poder e a economia capitalista baseada na indústria emerge e se consolida.
39 - A Educação Física moderna sofre a influência, desde seus primeiros passos, do pensamento científico.
40 - Vale o princípio: exercitar cientificamente o corpo, ou exercitar o corpo de acordo com o conhecimento científico a respeito.

41 - Ling e Amaros esmeraram-se em construir seus métodos oriundos da fisiologia e da anatomia humana.
42 - Ling falava inclusive, em movimento racional com economia de esforço. Ou seja, desde logo, esta prática, qual seja, este conjunto sistematizado de exercitações corporais, buscou fundamentar-se no conhecimento das disciplinas científicas emergentes (como a física orgânica = fisiologia).
43 - Portanto, não é gratuita a presença influente da instituição médica na Educação Física (ver a respeito Cachay, 1988, e Soares, 1994).

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